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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Arte sem limites

Das pinturas eletrônicas às criações transgênicas, vale tudo nas obras digitais

Alessandra Carneiro e Mylène Neno

Classificar o que é arte digital é uma tarefa tão difícil quanto caracterizar o que é ou não é arte no mundo real. A princípio seria qualquer arte baseada em um plataforma de computador, usando programas que permitam tais criações. E aí temos uma infinidade de softwares que ajudam nesta tarefa: Photoshop, Corel Draw, 3D Studio Max, Fractal Design, só para citar alguns nomes mais conhecidos. Porém, esta definição elevaria qualquer curioso por esses programas à categoria de artista? Não é bem por aí... 

Jogue fora suas telas, tintas e palhetas. Os quadros agora são eletrônicos e a exposição é virtual, mas a pintura digital é apenas uma das inúmeras modalidades de arte eletrônica 

Para tentar facilitar um pouco essa distinção, existem diversas categorias para a arte eletrônica. Desenho digital, edição de foto, modelagem 3D, pintura digital e holografias são as mais encontradas. Os inúmeros festivais e exposições ajudam a separar o joio do trigo. O AnimaMundi (http://www.animamundi.com.br), com espaço cada vez maior para a animação na Web, e o File (Festival Internacional de Linguagem Eletrônica, realizado em São Paulo, mas pode ser visitado em http://www.file.org.br), acontecem no segundo semestre e estão com inscrições abertas. Outro bom exemplo é o Itaú Cultural (http://www.itaucultural.org.br), com seu emoção art.ficial. 

O fato é que a fusão entre arte e tecnologia, apesar de não ter nascido ontem, está cada vez mais em voga e se tornando mais profissional aqui no Brasil. Nomes como Julio Plaza e Eduardo Kac já são reconhecidos internacionalmente e começam, ainda que tardiamente, a atrair um maior número de fãs também aqui em seu país de origem. 

Eduardo Kac é o mestre da chamada Arte Transgênica, que consiste em transferir material genético de uma espécie para outra. Isso resulta em animais modificados, como o lindo coelhinho fluorescente que ilustra essa página. Transformações, sim, mas sempre com muita arte, claro! 

No entanto, esse tipo de modificação causou choque e muita discussão quando foi apresentada, em 2000, em uma feira de arte eletrônica na Áustria. Kac propôs na Ars Electronica, em Linz, um trabalho que adicionasse a um cão um gene de uma água-marinha que o faria brilhar sob luz ultravioleta. Ninguém o levou a sério. Comparado ao Dr. Frankenstein, Kac continuou com seus experimentos e deu vida ao que ficou conhecido como arte transgênica, exibindo, entre ratos, insetos e outros seres, o seu trabalho mais conhecido, o GFP Bunny, uma coelha albina que recebeu doses de proteínas fluorescentes e bactérias manipuladas para ficar com a aparência um tanto iluminada. E para os críticos, Kac afia a língua: “É muito fácil temer ou odiar aquilo que não se conhece”. 

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